Frescura,
preguiça e falta de vontade. Já ouviu alguém usar esses termos para se referir
a uma pessoa com depressão?
Será que
esses termos estão corretos? Dados de 2020 mostram que a depressão passou a ser
a doença mais comum e incapacitante do mundo! No Brasil, com o cenário da
pandemia houve um aumento de 80% dos casos.
Tem alguém
do seu círculo de convivência enfrentando este problema? O que fazer para
ajudar uma pessoa com depressão? Existe cura? Quais tratamentos são adequados?
Primeiramente,
eu gostaria de agradecer muito ao psicólogo Felippe pelo livro, por ter escrito
e por ter nos enviado de presente! Felippe sempre terá um lugar especial em meu
coração, porque este livro contribuiu muito para o meu conhecimento e
crescimento! Foi uma leitura que fez diferença em minha vida. Sabe aqueles
livros que te marcam para sempre? Eu dei 5 estrelas no Skoob, e eu só faço isso
com livros que realmente me surpreendem. Com certeza já está entre um dos
melhores livros que li este ano.
É muito bom
receber um livro, cuja leitura te dá prazer. Este livro foi muito bem escrito.
Felippe escreve de forma clara, objetiva. Ele sabe fazer assuntos complexos
ficarem compreensíveis sem simplificar o conteúdo. Eu fiquei encantada com as
referências literárias que ele utilizou. Ele cita Iracema de José de Alencar, O
Alienista de Machado de Assis, além das referências clássicas da psicologia
como Lacan, Freud e outros livros e autores que eu não conheço, mas já anotei
para ler algum dia.
O livro é
dividido em 6 partes:
O que eu
preciso saber sobre depressão?
Onde você
vai entender mais sobre esse transtorno. O que é a depressão, qual a diferença
entre depressão, tristeza e luto. Quais são os principais sintomas, como surge
a depressão ou quais fatores levam a esta doença.
Para mim, o
diferencial deste livro está na linha que o psicólogo segue, considerando a
depressão não como um problema individual ou uma questão neuroquímica. Além de
fatores genéticos, traumas de infância, experiências ligadas a perdas, a
depressão envolve a própria cultura e sociedade na qual estamos inseridos.
E para
concluir este primeiro capítulo, o autor apresenta as formas de tratamento da
depressão. É muito importante deixar claro aqui. Só existem 3 formas de
tratamento para depressão: Psicoterapia individual, psicoterapia de grupo e
medicamentos antidepressivos receitados por um psiquiatra.
“Ah, mas
exercício físico é bom, alimentação saudável e fé em Deus ajuda”. Ajuda, mas
não é tratamento. Como a maior parte do nosso público é cristão, é fundamental
destacar que só existem 3 formas de tratamento para depressão. Hábitos
saudáveis, religiosidade podem ajudar quando a pessoa está submetida a um
tratamento adequado. Por favor, quando se encontrar com alguém com depressão
antes de dizer que vai orar pela pessoa certifique se ela está tendo acesso a
um desses tratamentos, se não, é muito mais importante você fazer a sua parte
ajudando neste sentido ao invés de dizer que vai orar. Se você encontrar alguém com a perna
quebrada, tenho certeza que ligaria para o SAMU ao invés de simplesmente dizer
“vou orar por você”, enquanto deixa a pessoa sozinha lá com a perna sangrando.
Precisamos tratar as doenças emocionais com a mesma seriedade que tratamos as
doenças físicas.
As variações
da depressão.
Uma coisa
que eu não sabia e aprendi, é que burnout é um tipo de depressão. Burnout é
algo grave e mais frequente do que imaginamos. Precisamos repensar sobre as
condições de trabalho que nos submetemos, sobre esse sistema que visa o lucro a
qualquer custo, focando na produtividade em detrimento do que temos de mais
precioso: nossa saúde.
Felippe
destaca que o discurso da meritocracia e do produtivismo é uma cilada. Existem
estudos que mostram que esta ideia do mérito é prejudicial tanto para pobres
quanto para ricos. Precisamos desenvolver uma visão mais crítica sobre as
nossas relações de trabalho.
Além de
burnout a depressão pode se manifestar através do transtorno distímico,
transtorno bipolar e depressão psicótica.
As sete
coisas mais importantes que alguém com depressão gostaria que você soubesse.
Desta parte
eu não vou dar spoiler para vocês ficarem com mais vontade de ler a obra.
O que fazer
e não fazer ?
Esta parte é
bem prática. E eu pontuo que o que você pode fazer de mais relevante por alguém
com depressão é estudar sobre o assunto, para entender a complexidade desta
doença e assim conseguir agir de forma mais produtiva.
A questão do
suicídio
A quinta
sessão do livro é sobre o assunto mais delicado envolvendo depressão: O
suicídio. No Brasil, mais de 10 mil pessoas se matam por ano. E segundo a OMS,
90 % dos casos poderiam ser evitados.
Não falar
sobre este assunto, não reduz o problema. Nós precisamos aprender a conversar
sobre temas difíceis. E para falar sobre algo, precisamos ter propriedade do
assunto. A leitura é uma ótima forma de obter conhecimento.
Nós
precisamos desenvolver a nossa capacidade de acolher os outros para que eles
sintam à vontade para falar conosco sobre os seus pensamentos mais tristes e
sombrios. Além de sempre tratar os outros com gentileza e empatia para sermos o
motivo dessas pessoas não desistirem.
Como podemos
melhorar nossas relações por meio da escuta?
Este
capítulo foi uma aula para mim. Eu sou uma péssima ouvinte, interrompo as
pessoas, fico viajando enquanto elas falam, às vezem tenho pressa... quero
saber logo a conclusão! Mas entendi o quão importante é sabermos ouvir o outro.
E não ouvir para sugerir uma solução, mas simplesmente escutar...
O autor
indica um livro que eu já li, o Comunicação Não-Violenta.
E na conclusão ele indica outros livros, que
eu anotei e coloquei na minha lista de desejos.
Se você está
com depressão procure ajuda de um psicólogo ou de alguém que possa encaminhá-lo
para um tratamento adequado.
Se você
conhece alguém com depressão, leia este livro e passe a fazer parte do processo
de cura.