Não é de hoje
que os pesquisadores observam que estudantes que decidem aprender a tocar um
instrumento musical se destacam em diversas áreas, como leitura, raciocínio e
habilidade de atenção não-verbais. Agora, Nina Kraus, diretora do Laboratório
de Neurociência Auditiva da Universidade de Northwestern, estuda o motivo pelo
qual isso acontece.
Nina, que
também colabora com o projeto Harmony, tenta entender como a formação musical
pode aproveitar a plasticidade natural do cérebro,
ou a adaptabilidade, para ajudar os alunos a se tornarem melhores estudantes e
leitores do que a
média – mesmo quando crescem em ambientes pobres.
Segundo a
revista Good, a pesquisadora sempre teve certeza de que havia algo de especial sobre a
instrução musical. Como o cérebro pode mudar de maneira positiva em resposta a
qualquer atividade significativa, ela acredita que a música oferece benefícios
exclusivos. “Música e competências linguísticas dependem do processamento
auditivo. Embora a leitura não possa ser pensada como uma atividade
essencialmente auditiva, seu fundamento repousa sobre uma
criança entendendo a entrada auditiva e a absorvendo, a fim de mapear
corretamente os sons da fala sobre representações
ortográficas”, disse Nina à Good.
“Muitos dos
mesmos aspectos de processamento de som que são deficientes em crianças com
dificuldade de aprendizagem e linguagem parecem ter sido reforçados naqueles
que recebem formação musical, e intervenções baseadas em música têm demonstrado
algum sucesso na remediação de problemas de leitura, também”, afirmou ela.
Então, para
entender se a música poderia alterar o fato de que crianças que cresceram em
locais mais pobres mostram pior codificação neural do som –
o que leva a processamento auditivo “ruidoso” e menos eficiente –, ela decidiu
fazer um estudo. Nina recrutou alunos em uma cidade do interior
de Chicago e os combinou de acordo com seus QIs, habilidade de leitura e
velocidade com que seus nervos auditivos eram ativados.
Dois anos mais
tarde, ao conferir a capacidade do cérebro
de codificar discurso, ela encontrou uma diferença significativa: as crianças
treinadas com música foram capazes de mostrar respostas mais rápidas a um
estímulo de fala. Seus cérebros, ao que parece, tinham se adaptado e melhorado.
E foi a música que fez a diferença.
“Nós
adicionamos um novo capítulo fundamental na história da música e educação”, diz
Kraus. “Devido à sobreposição entre os circuitos neurais dedicados à voz e
música e a rede de distribuição de circuitos cognitivos, sensório-motor e de
recompensa envolvidos quando as pessoas tocam
música, parece que o treinamento musical é algo particularmente potente na
plasticidade de experiência do cérebro
que influencia no processamento do som
relacionado aos estudantes”, afirmou.
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