Veja
dicas para tirar o melhor proveito possível das obras e se preparar para os
exames
Algumas das
maiores universidades do país mantêm vestibulares próprios, além de programas
como o Sisu e o Prouni. Para quem vai se candidatar a uma delas, é importante
ficar ligado nas listas de obras obrigatórias que muitas vezes são exigidas do
candidato na realização do exame.
Para tirar o
melhor proveito possível das leituras, o professor de literatura Tiago Martins,
da plataforma online Me Salva!, dá 8 dicas que podem ser úteis a quem está se
preparando para os exames. Veja!
1.
Desfrute das leituras
Um dos
principais males do nosso ensino é a perspectiva de que estudamos somente para
passar no vestibular ou tirar uma boa nota. O conhecimento pode desempenhar uma
grande transformação nas nossas vidas, desde que estejamos abertos a ele. Uma
obra literária pode conter um tanto de História, um tanto de Sociologia, um
tanto de Psicologia, um tanto de Filosofia, um tanto de Economia, enfim, um
tanto de reflexões sobre a nossa própria natureza e sobre como vivemos em
comunidade. Como diz Antônio Cândido, crítico literário brasileiro, ‘o romance
enrola a verdade na fantasia’.
Se os estudantes
se dedicarem a ler as obras literárias desejantes de mergulhar nas narrativas
oferecidas, desejantes de superar as iniciais dificuldades que um texto pode
oferecer – especialmente aos que não têm familiaridade com a leitura -, poderão
não apenas ter um melhor desempenho em seus respectivos vestibulares, como
poderão ter o prazer de se entregar a um livro! Quando lemos (ou estudamos)
interessados em aprender, e não apenas em decorar para uma prova, o nosso
desempenho sempre é muito melhor, pois assimilamos aquele conhecimento
profundamente, e não superficialmente.
2.
Tenha um bom esconderijo
O escritor
português Gonçalo M. Tavares disse em uma entrevista que: “Sem um bom esconderijo
não se tem uma boa vida”. Ele fala de um tempo no qual ficamos quietinhos,
distante das preocupações e das solicitações, um tempo guardado para a leitura.
O fato é que vivemos em uma lógica temporal de muita pressa, a maior parte das
pessoas compra a ideia de que devemos estar sempre ocupados, sempre conectados,
sempre trabalhando, sempre fazendo alguma coisa. Isso nos põe em um estado de
agitação muito grande. É esse estado de agitação que, muitas vezes, leva os
estudantes que estão se preparando para o vestibular a desenvolver quadros de
ansiedade.
A literatura, no
entanto, habita um outro tempo. Para mergulharmos em um texto literário com a
atenção que ele exige, é preciso de pausa, e não de pressa. Então é importante
que o estudante crie uma rotina de leitura. Um esconderijo. Um horário no qual
ele irá se desconectar das redes sociais, deixar o celular um pouco de lado,
deixar as preocupações do lado de fora e mergulhar no livro. Cada um vai
escolher qual é o melhor horário para si, cada um vai escolher quantas vezes
por semana vai se dedicar a sentar-se para ler, mas é importante criar uma
rotina de leitura e um espaço de silêncio e calma no meio da agitação e da
pressa.
3.
Não fique muito tempo longe do livro que você decidiu ler
Os estudantes
não precisam ler todo dia, se não quiserem. Uma rotina pode ser diária ou não.
No entanto, quando um estudante se decide por começar a ler uma obra é
importante que ele não fique espaços de tempo muito longos longe do livro, pois
dessa forma, perde-se o “fio da meada”, como se diz, e a assimilação da
história fica prejudicada. Quando nos decidimos a ler um romance, por exemplo,
é importante termos uma certa constância na leitura.
Livros de contos
e livros de poemas, por outro lado, podem pressupor outras orientações. Podemos
terminar um conto, ler um romance no meio e depois lermos outro conto. Os
livros de poemas, por exemplo, não precisam ser lidos em ordem linear.
4. Evite ler resumos antes de terminar a obra
Ler o resumo de
um livro ao invés de ler a obra completa é uma perda muito grande. Fica claro
aí o objetivo de apenas “decorar” algo para uma prova. Os resumos podem nos
ajudar a refrescar a memória e, portanto, se forem utilizados devem ser lidos
após a leitura integral da obra. Quando lemos resumos, estamos diante dos
famosos spoilers, ficamos sabendo o que acontece antes de ler, o que estraga as
surpresas e o possível prazer com a leitura.
5. Seja um leitor ativo
Caso o estudante
esteja diante de uma obra que tenha elementos que, num primeiro momento,
pareçam complexos, nada impede que ele pesquise para esclarecer a leitura. Dois
exemplos: 1) Podemos estar diante de uma obra cujo contexto histórico é
importante para o entendimento da narrativa. Então, nada impede, que o
estudante use as facilidades da internet para se familiarizar com o contexto
histórico. Depois, ele pode voltar ao livro e perceber que a leitura ficará bem
mais acessível. Além disso, 2) às vezes temos obras nas quais o autor ou a
autora gostam de brincar com a linguagem, ser criativos com a língua.
O grande barato
da literatura é que não precisamos usar a linguagem cotidiana, tão objetiva,
podemos subverter a língua. No entanto, esses exercícios criativos podem
apresentar dificuldades para alguns leitores. Nada impede que os estudantes leiam
algumas coisas sobre a obra para melhor entender o enredo do livro (evitando
muitos spoilers). Depois, eles poderão voltar ao texto apreciando a linguagem.
Tão logo o que era difícil no início, ficará fácil e prazeroso. Não tenhamos
medo da criatividade nem dos diferentes usos da língua. literatura é a arte da
subversão da palavra.
6.
Risque os livros (se eles forem seus)
Os livros não
precisam ser objetos estranhos, intocáveis, distantes. Ao ler, é importante que
tenhamos em mãos um lápis e, talvez, post-its. Podemos sublinhar o livro,
riscar, escrever coisas nas páginas. (Desde que eles sejam nossos, é claro!)
Quem disse que não podemos riscar os nossos livros? Dessa forma, ficarão
marcados os trechos mais importantes, os trechos que mais gostamos. Isso
facilitará os processos da nossa memória. Caso o livro seja emprestado, poderá
colocar post-its e depois anotar aqueles trechos.
7.
Faça um diário de leitura
Pode ser muito
interessante e estimulador fazer um diário de leitura. Os estudantes podem fazer
pequenos ou grandes resumos das obras que leram e colocar nesse arquivo aqueles
trechos que foram sublinhados.
8.
Conheça a prova
Alguém que
realizou uma boa leitura de todas ou, pelo menos, de quase todas as obras
obrigatórias vai, com certeza, ter um bom desempenho. No entanto, é claro que é
importante que o estudante conheça as provas anteriores para entender que tipo
de questão a prova de vestibular que irá realizar está cobrando. Então, é
importante ficar atento: a prova cobra mais enredo, cobra mais interpretação,
cobra mais contexto histórico? A prova pede relações entre uma obra e outra?
Assim, evitam-se as surpresas.
Publicado no Guia
do Estudante
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