Foto: Marcelo Freire |
“Os bebês têm uma vinculação ao som
desde a gestação e, ao nascer, estão atentos a toda musicalidade do ambiente ao
redor”, diz Ana Flavia Castanho, pedagoga, especialista na capacitação de
professores na área de Formação de Leitores e da Didática de Matemática. Isso
porque, ainda no útero materno, desde o quarto mês, eles conseguem ouvir e
distinguir vários sons. A modulação da voz humana é uma das primeiras coisas
que aprendem a interpretar quando nascem. Ou seja, não falam, mas escutam
muito.
Sendo assim, é importante oferecer
aos bebês experiências afetivas e cuidadosas com as diferentes musicalidades
que a voz humana assume, incluindo conversas, cantos ou leituras. Aos poucos,
eles vão percebendo as particularidades e as nuances melódicas e de ritmo de
cada situação.
Isso significa que não há limite de
idade para começar a ler para uma criança? Não há. É uma prática que pode ser
feita desde que ela nasce, seja em casa ou no cotidiano de creches, berçários e
escolas de Educação Infantil. São vários os ganhos para o desenvolvimento.
Um é a criação, ou fortalecimento, de
vínculo com quem está lendo, pois a criança compreende que aquele é um momento
de atenção dedicada a ela e à leitura. “Ela observa as reações do adulto e
percebe quando ele está se divertindo ou quando fica emocionado com a história,
por exemplo. Então, a qualidade da interação é essencial para ela querer
repetir a experiência”, diz Edi Fonseca, pedagoga e pesquisadora na área de
leitura para crianças. A observação vale também para o adulto, que tem a chance
de conhecer melhor o bebê e acompanhar sua aprendizagem.
Outro ponto fundamental é que, ao
compartilhar com o bebê seu encantamento com a leitura, o adulto contribui para
aproximar os pequenos do mundo da literatura. Primeiro por meio da linguagem
oral, com a mediação da leitura e contação de histórias, e depois com a
apresentação da linguagem escrita, quando as crianças manuseiam os livros.
Esse contato com a literatura ajuda
no desenvolvimento da escuta e da oralidade, pois a leitura amplia o
vocabulário e revela que a língua escrita normalmente é mais formal do que a
falada e pode assumir estilos diferentes, conforme os autores e os gêneros
(poesia, contos, história rimada etc) escolhidos.
Também enriquece o imaginário da
criança, algo essencial para estimular a capacidade criativa delas. Em um
sentido amplo, a leitura permite a ela conhecer melhor a si mesma, o mundo e a
cultura em que vive, construindo sentido e significado ao que a cerca.
Promover o acesso a livros desde
pequeno é também uma maneira de combater a desigualdade. “Há pesquisas
mostrando que crianças, de zero a seis anos, que não têm acesso à leitura
possuem um vocabulário pelo menos três vezes menor do que o daquelas com
acesso”, afirma Angela. “O cérebro se desenvolve com base nas relações
estabelecidas entre o que é dado pela genética e as experiências da vida.
Assim, a qualidade dessas vivências é um fator decisivo no desenvolvimento das
capacidades atuais e futuras da criança”, completa Edi.
Fonte: Nova
Escola
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