23/11/2021

Resenha do Livro - A Biblioteca da Meia-Noite


 

A Biblioteca da Meia-Noite foi lançada originalmente em setembro de 2020 e venceu no mesmo ano o Prêmio Goodreads Choice na categoria ficção. Esteve presente na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Em setembro, a editora Bertrand Brasil, parceira aqui do blog, lançou aqui no Brasil.

O autor Matt Haig é britânico e escreve livros de ficção e não-ficção, tanto para crianças, quanto para adultos. Até o presente momento, ele já lançou 25 livros, com alguns indo para as telas de cinema, como o filme, “Um menino chamado Natal”, da Netflix.

A Biblioteca da Meia-Noite conta a história de Nora Seed, uma mulher com 35 anos que chegou num momento da sua existência, na qual acaba se questionando sobre o sentido da vida a partir das decisões que tomou até chegar ali.

No início do livro vemos uma série de acontecimentos bem impactantes para Nora. Ela perde o animal de estimação, o trabalho, ouve reclamações de um antigo colega de banda, fica sabendo que seu irmão foi a cidade, mas não foi visita-la, recebe um vácuo da sua melhor amiga, além de ser dispensada de seu serviço voluntário que era buscar o remédio para seu vizinho, porque ele arrumou uma outra alternativa. Depois dessa série de acontecimentos, Nora se sente sozinha, sem rumo na vida e se sentindo como se ninguém precisasse mais dela.

Em meio aos seus pensamentos, Nora então toma uma decisão, ingere uma dose a mais dos seus remédios antidepressivos e apaga. Quando ela acorda, um pouco atordoada, percebe que não está mais no seu quarto e sim em frente a um grande prédio, com um relógio marcando meia-noite, assim como no relógio no seu braço. Ao entrar no prédio, descobre que é uma biblioteca e que tem prateleiras com livros a perder de vista. Nessa biblioteca existe apenas uma pessoa, que é a bibliotecária e que explica como funciona a biblioteca.

Nora fica sabendo que os livros existentes naquelas prateleiras são possibilidades de enredo da sua própria vida. Cada um deles a vida de Nora caso ela tivesse tomado uma outra decisão diferente da que ela tomou no passado. Por exemplo, quando ela era mais nova, seu pai a treinava para ser uma nadadora profissional. Ela era boa e ganhou alguns campeonatos, porém depois de um período ela acabou decidindo não continuar na natação. Então, ali na biblioteca ela poderia acessar sua vida, caso tivesse prosseguido na natação.

Dessa maneira nós vamos acompanhar Nora conhecendo algumas dessas possíveis histórias e como ela estaria caso tivesse optado pela natação, ou pela banda, ou se tivesse feito outra faculdade.

O autor explica a possibilidade de acessar essas outras ramificações através da física quântica. Tem uma parte explicando direitinho isso, mas não se preocupe, pois não é igual a física que vemos na sala de aula. O texto se concentrou apenas no campo teórico. Para uns isso pode ser científico, para outros pode ser fantasia. A interpretação fica a cargo do leitor.

O livro apresenta vários personagens, porém o desenvolvimento da maioria deles é bem superficial e servem apenas para um momento do livro. Então você acaba não se identificando com nenhum outro personagem. Eles estão ali muitas vezes como uma caricatura, no qual você pode substituir por outro, alterando apenas o sexo, a idade e outras características pontuais. A Nora é a personagem principal e é ela que vamos conseguir acompanhar do início ao fim.

A leitura é bem fluida e rende bastante. A linguagem é bem clara e acessível para todos os públicos e o enredo trás reflexões sobre escolhas, arrependimentos, decisões e enfrentamento.

Na nossa vida fazemos escolhas o tempo inteiro. Para chegar até aqui eu escolhi entre ler ou não o livro, e após lê-lo, decidir por gravar ou não a resenha. Na gravação, falar isso ou aquilo e por aí vai. Porém muitas vezes escolhemos um caminho e não abrimos mão do outro. O peso de carregar os “e se” das nossas decisões pode gerar um livro de arrependimentos muito pesado e cheio.

Na parte de trás do livro tem uma pergunta que gera bastante reflexão: “O que faz a vida valer a pena?” Através de Nora conseguimos pensar sobre essa questão e aplicar essas lições na nossa vida também.

Gostei de ter lido esse livro. Ele não se tornou um dos meus favoritos, mas recomendo a leitura, pois é uma boa história para podermos parar e pensar no nosso passado de forma sadia e assim olhar para o nosso futuro de maneira mais leve e animada.


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