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Maio é considerado o mês das mães e a
Editora Maralto - que pertence ao grupo Arco Educação – selecionou três obras
em catálogo que tratam, de algum modo, sobre este tema. "As histórias são
sobre situações comuns, mas com abordagens distintas, que ajudam o leitor a
lançar um olhar mais complexo e por isso empático, sobre as relações familiares
e a própria maternidade", explica a publisher Cristiane Mateus.
Confira as sugestões abaixo:
A rede florida, de Graziela Bozano Hetzel, com ilustrações de Anna Cunha (https://amzn.to/3vUawz3)
Mais que uma condição, a de ser mãe,
com todas as marcas históricas, econômicas, sociais e culturais que a
constituem, a maternidade é, antes de tudo, um sentimento coletivo, muitas
vezes idealizado e, para muitas mulheres, assustador.
O amor que as mulheres sentem por seus
filhos, quase sempre demonstrado em forma de cuidado, existe no imaginário
social como algo dado e instantâneo, que pressupõe a anulação das mulheres, de
seus sentimentos, angústias e desejos, em favor dos filhos, como se isso fosse
uma exigência incontornável. Para além das complexas questões que essa breve
reflexão suscita, incluindo a condição feminina em seus aspectos estruturantes
em nossa sociedade, é preciso pensar nas muitas formas de ser mãe, considerando
as condições existentes para o exercício da maternidade. Ainda que haja um
modelo que, entendem alguns, deva ser seguido, é somente em suas existências
concretas, dia após dia, que mães e filhos se fazem nessa relação.
O livro ganhou o Prêmio FNLIJ de
Ilustração em 2020, e traz a narrativa de maternidades amorosas, que extrapolam
o senso comum e acolhem os caminhos de nossa humanidade.
A personagem Maria Rosa é uma adorável
menininha que vive uma vida tranquila com seus pais. Como toda criança,
frequenta a escola, gosta de brincar, de ler e de ouvir histórias. Mas a data
de seu aniversário chega trazendo, junto com a festa, algumas surpresas: recebe
da mãe e do pai uma dolorosa notícia, que aos poucos se acomoda em seu coração
e se transforma em mais um espaço de afeto.
Como a irmãzinha de sua colega
Natália, Maria Rosa descobre que é filha adotiva de seus pais e que essa
condição não quer dizer menos amor. A presença da mãe biológica, que se afastou
quando a menina ainda era bem pequena, cria novos laços para Maria Rosa e para
sua família, sem rupturas ou julgamentos para ninguém.
O delicado texto de Graziela Bozano
Hetzel encontra a força poética das ilustrações de Anna Cunha e juntos contam
uma história comum na vida de muitas famílias, fazendo dela um convite para
pensar sobre maternidade e relações familiares, celebrando os sentimentos que
as constituem, para além de discursos obsoletos que cristalizam uma imagem
anacrônica das mulheres e atendem a demandas de mercado.
A obra recebeu o selo Altamente
Recomendável 2018 da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, selo
Distinção da Cátedra Unesco de Leitura 2018 e está na lista dos 30 Melhores
Livros Infantis do Ano 2019 da Revista Crescer.
Graziela Bozano Hetzel recebeu prêmios
respeitados como o Jabuti, na categoria Melhor Livro Infantil, e o da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), na categoria Melhor Livro para
Criança. Ganhou o prêmio Alejandro José Cabassa na categoria Infantil e seu
nome está na Lista de Honra do International Board on Books for Young People
(IBBY).
Anna Cunha ilustrou dezenas de livros
publicados no Brasil e no mundo, com títulos selecionados para o Catálogo de
Bolonha e premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Foi finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Ilustração, e recebeu menção
honrosa no Prêmio João-de-Barro, na categoria Livro Ilustrado.
Como posso te amar?, de Celso Sisto, com ilustrações de Simone Matias (https://amzn.to/37p89e4)
As famílias já não são as mesmas. Essa
afirmação, que pode ganhar ares de lamento, não traduz uma reclamação ou algum
tipo de saudosismo, mas é a constatação de que há muito tempo a compreensão de
que família é formada por um pai, uma mãe e seus filhos não corresponde à
realidade. Mas se é recente o reconhecimento da diversidade de composição das
famílias, não é novidade que muitas delas não contam com a presença do pai, por
motivos diversos.
É bastante comum que as mães – e
também as avós, as tias, as irmãs mais velhas – assumam integralmente o cuidado
dos filhos e tentem prover suas crianças, material e afetivamente. Mas algumas
faltas não podem ser negadas, embora possam ser tratadas com coragem e amor. É
uma história como essa que conta o livro Como posso te amar?.
Em uma redação escolar, o menino Caio
declara seu amor à mãe e à irmã mais velha, que cuidam dele com muito carinho.
Mas a orientação da professora era de que as crianças escrevessem sobre os
pais... A partir do texto do menino e de uma conversa com a professora, a mãe
passa a perceber, em pequenos gestos cotidianos, a falta que o pequeno sente do
pai. Sabendo que não pode preencher essa lacuna, mas certa de que pode fazer
com o filho coisas que seriam esperadas do pai, ela se aproxima ainda mais do
menino, esforçando-se para que essa ausência não se torne ainda maior e mais
sofrida para ele.
Como Caio, são muitas as crianças que
não convivem com o pai e que lidam com essa dor, muitas vezes ampliada pela
incompreensão dos motivos que a causam. Não sabemos o que aconteceu com o pai
de Caio – morte, separação, abandono? –, mas é certo que o livro é um convite
aos leitores de todas as idades para refletir sobre as relações familiares e
suas muitas possibilidades de afeto, sem a tentação de julgamentos imediatos e
superficiais.
Na história contada pelo sensível
texto de Celso Sisto e pelas ilustrações de Simone Matias, assistimos aos
movimentos amorosos da mãe – ouvir a professora, observar o menino, pensar no
assunto, tomar uma decisão – para acolher o filho. E isso já é muito.
Celso Sisto tem mais de 30 livros
publicados para crianças e jovens e recebeu o prêmio de Autor e Ilustrador
Revelação pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Simone Matias tem dezenas de livros
publicados e recebeu o selo Distinção Cátedra 10 Unesco de Leitura PUC-Rio.
O mergulho no espelho, de Ninfa Parreiras, com ilustrações de Marcelo Ribeiro (https://amzn.to/3sgHXcQ):
Sempre que pensamos ou falamos em
mães, algumas palavras nos vêm imediatamente à cabeça, como amor e proteção.
Ambas se fundem na relação com os filhos e se desdobram em uma única: cuidado.
É cuidando e recebendo cuidados, os
mais diversos – físicos, afetivos, formativos – que mulheres e crianças
constroem sua condição de mães e filhos no cotidiano, em um exercício que se
prolonga por toda a vida. Mas são mais recorrentes do que podemos imaginar as
situações em que quem deveria cuidar pede cuidados. Porque, distinta da
idealização construída em torno das mães por muitos discursos e imagens, a vida
comum, essa de todos nós, é feita de pessoas que amam, sonham, se angustiam,
adoecem e sofrem.
É essa experiência, de mães que
escapam aos padrões previamente estabelecidos não se sabe por quem e demandam a
atenção mais habitualmente dedicada aos filhos, que encontramos neste livro.
Uma menina vive com duas irmãs, dois
irmãos, o pai e, tempos sim, tempos não, a mãe. Ela não sabe direito o que
acontece quando os homens de branco levam a mãe para um lugar que ela também
desconhece. Entre silêncios, ausências e pequenas e dolorosas pistas,
entremeados pelo aprendizado das letras na escola, a personagem tenta
compreender a ausência da mãe, tanto a de quando ela é levada de casa, quanto a
que pode ser sentida durante os muitos dias da mulher na cama, sem voz, sem
palavras. O mergulho no espelho é uma narrativa sensível sobre questões temidas
e muitas vezes tratadas como tabu.
Como é próprio das boas narrativas, o
texto deixa lacunas – as mesmas vividas pela protagonista do livro – que podem
ser acolhidas pelos leitores, na medida de seu desejo e de suas demandas.
As ilustrações criam cenas que
amplificam os sentimentos e sensações construídos na escrita, com elementos que
juntam paisagens e situações da vida da personagem com imagens que se desenham
em seu coração e em sua imaginação. O mergulho no espelho é um livro bonito e
necessário, que nos convida a considerar muitas maneiras de existir, incluindo
a maternidade.
Ninfa Parreiras é professora de
literatura e de criação de textos. Escreve em versos e prosa para leitores de
todas as idades e tem diversos títulos publicados.
Marcelo Ribeiro tem obras consideradas
Altamente Recomendadas pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
(FNLIJ) e selecionadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
O catálogo da Editora Maralto pode ser
conferido no Instagram e Facebook @maraltoedicoes
Crédito das fotos Divulgação/Editora Maralto
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